sexta-feira, 6 de julho de 2012

UM MAR DE COMPLICAÇÕES, BUROCRACIAS E MÁ VONTADE


Trabalhamos duro e chegamos a um projeto sustentável, nosso custo seria de R$ 3,02 por espectador. Mostramos nosso projeto para muitas pessoas e diversas delas se mostraram muito interessadas.

Precisávamos apenas de uma coisa: a liberação das ruas. Fomos até o CIRETRAN e nos informaram que não poderiam autorizar, que deveríamos enviar um ofício para o Paço Municipal, para que o Paço desse o aval. E foi o que fizemos. Não protocolaram nosso oficio, mas entregamos o Ofício, Projeto, Relação de Ruas, Modelos de Material de Divulgação, Carta de Intenção e tudo mais que pudesse deixar claro nossos objetivos. 

Tivemos elogios, promessas e o comprometimento de levar a questão para a própria Prefeita. Pelo que me pareceu, apenas ela poderia me autorizar a usar as vias públicas para apresentarmos gratuitamente nosso espetáculo, mas demoraram duas semanas para nos encaminharem para outro departamento.

 Mais elogios, promessas e orientações sobre o não envolvimento político, mas se esquecem de que todo artista é naturalmente politizado, mas não somos partidários, nossa política é cultural. Após quase um mês de viagens perdidas e telefonemas sem encontrar as pessoas que procurávamos, nos reunimos e chegamos a pensar em desistir.

O tempo estava ficando cada vez menor, nossos patrocinadores tiveram que retirar suas intenções, uma vez que não mais existiria a possibilidade de utilizarmos as vias publicas para realizarmos as apresentações.

A decisão foi extremamente difícil e nem todos concordaram, mas decidimos que, como artistas, não poderíamos deixar que coubesse a Prefeitura Municipal decidir o que pode ou não ser considerada arte em nosso município. Não podemos admitir qualquer tipo de censura ou limitação artística, por causa de burocracia ou má vontade de alguns.

O projeto HOJE TEM TEATRO, SIM SENHOR! foi reformulado, pois, deste e de outros, perdemos uma atriz e, consequentemente nossa diretora geral precisou assumiu a tarefa. Decidimos que, se não podemos utilizar as vias públicas de nossa cidade, seja pelo motivo que for, não devemos nos calar. Porém não vamos brigar se não temos a rua, temos a minha casa para realizar minhas apresentações e a casa de meus atores. E assim, percebemos que existem outros lugares dentro de nossa cidade que podemos apresentar.

Assim se inicia mais uma nova adaptação do nosso projeto: não iremos mais apresentar nas ruas, mas sim em garagens: na minha, nas dos meus atores, dos meus amigos, nas dos amigos dos meus amigos e de todos que abrirem suas portas. Nossos números diminuíram, mas não nossa vontade ou nossa força, agora serão 30 bairros e 45 apresentações não conseguiremos acomodar 100 pessoas, mas todas que couberem nas garagens. E assim, levaremos nossa arte e nosso exercício reflexivo a quem estiver disposto a abrir seus portões para nossa peça e aqueles que estiverem dispostos a nos ouvir.





segunda-feira, 2 de julho de 2012

O PROJETO HOJE TEM TEATRO, SIM SENHOR!


Terminaríamos nossa parceria com o Governo do Estado em junho e estaríamos com um espetáculo INFANTO-JUVENIL pronto. Do nosso anseio como artistas, tanto da Patrícia que dirigiu a montagem do espetáculo, assim como eu que produzi, tínhamos o ardor de poder deixar em cartaz a peça em nossa cidade, mas como fazer isso se a cidade de Itapevi não conta com a menor estrutura?! Pensamos em diversas formas, principalmente no fato de não existir um cenário cultural real. Se as pessoas, por diversos motivos, não vão ao teatro, iríamos, então, levar o teatro até elas.

Criamos, então, no final de abril, o projeto HOJE TEM TEATRO, SIM SENHOR! Com este projeto, pela velocidade em que as coisas foram se desdobrando, não teríamos condições de buscar qualquer lei de incentivo e queríamos colocar em cartaz em nossa cidade já no segundo semestre. Os dois meses que se seguiram foram de intenso trabalho.

Montaríamos uma tenda que traria aos espectadores todas as características da caixa cênica. O espaço seria todo escuro por dentro, teríamos sonorização com o som vindo do palco, toda a execução de uma delicada dramaturgia de luz, cortinas, cenários, do lado de fora a grafitaríamos de forma que, também por fora, se assemelhasse com um edifico teatral e dentro desta tenda seriam acomodadas cem pessoas. Esta tenda seria montada em ruas de 42 bairros da cidade de Itapevi. Escolhemos ruas planas, que não tivessem linha de ônibus e que, se possível, fossem próximas de praças. Realizaríamos as apresentações aos domingos, em quatro horários diferentes, pois nosso maior objetivo é a democratização do acesso aos produtos culturais. Pensamos: “o espetáculo foi montado com apoio do Governo do Estado, então porque não oferecermos este produto cultural para nossa cidade? – Vamos buscar patrocinadores para garantir a temporada e apresentar!”. Seriam no total 100 apresentações em 42 bairros e cerca de 10.000 espectadores.

A pedido da Diretora Geral, Patrícia Martins, passei a colaborar na direção de cena, para garantir uma nova dinâmica, agora que o espetáculo estaria se destinando a uma nova perspectiva, em uma temporada tão grande em tão curto tempo.

A duas mãos, o espetáculo ganhou uma nova energia, para as crianças que assistirem encontrarem um espetáculo alegre, cheio de cores e dinâmico e, para os adultos, um espetáculo instigante e reflexivo.